quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

oPiNião aLHeia = liberdade de expressão ?

Sobre: “A Invasão Bárbara Cartuniana”
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Com licença, motorista:
- Posso divulgar meu trabalho?
- É pra vendê bala?
- Não, é pra afetar as mentes vãs.
- ããh, então entra aí, cara.
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TAMBÉM QUERO UMA FATIA DO BOLO, PORRA!!
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Idealizada em outubro de 2004 e realizada em 23 de novembro de 2004.

Esta prática foi exaustivamente exercida durante um ano na capital mineira.

Inicialmente uma resposta contra a vampiresca elite “intelectualizada” que manipula atualmente os veículos do mercado artístico. Transformando a arte em produtos industrializados para serem consumidos apenas por uma pequena parcela localizada nas redundâncias a-culturais de Belo Horizonte.

Quando me inscrevi no Concurso “Balela no Ônibus”, em agosto/2003, não tinha noção dos critérios ou argumentos utilizados pela comissão julgadora para escolher os 12 melhores trabalhos. Sabia que o tema era livre e que havia a opção por três categorias: artes plásticas e visuais (pinturas, fotografias, esculturas - foto, gravuras, graffite, etc) e poesias. Além das regras básicas exigidas no regulamento do concurso, onde cada participante poderia se inscrever com apenas três obras.

Infelizmente ou felizmente não fui classificado e resolvi me inscrever no ano seguinte. Que tolo. Atento ao nível das obras selecionadas (que não sei até onde foram merecidamente colocadas), optei por uma proposta regional e de fácil leitura em meus desenhos. Para que os transeuntes que freqüentam a urbana “galeria-pública-ambulante” absorvessem com simplicidade, todo contexto exposto ao primeiro contato espiritual, do visual exposto. Ao contrário da complexidade abstracionista contida nas telas dos artistas que circulam no interior desses coletivos (salvo raras exceções), e que estão longe da compreensão do populacho.

Após a divulgação do resultado do concurso/2004, tive a impressão de ter participado de um suposto “jogo cultural de cartas MACABRAS”. Sendo assim, resolvi fazer minha própria ARTENOBUZÃO. Daí a origem da expressão: Invasão Bárbara Cartuniana.

Esta interferência gráfica com tiras-panfletárias (material autoral) fixadas principalmente no interior dos coletivos urbanos e linhas metroviárias teve posteriormente a mesma ação em locais públicos de Belo Horizonte, como: postes, centros a-culturais, pseudo-banheiros de botecos copo-sujo, exposições e galerias d'falsarte. Foi uma forma alternativa de invadir espaços do não-domínio público, assim como fez o antigo grupo Três Nós Três, que lacraram portas de galerias, ensacaram monumentos e realizaram várias intervenções urbanas no século passado. Viva Cildo Meireles e sua trupe.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Apenas uma re-flexão ocular

Ao finalizar a leitura de mais um, dos tantos livros (sem necessidades alguma de mencioná-lo*), que ainda pretendo ler e que nunca conseguirei, reflito cancerígeno: nesta redoma de carcarás do monopólio dogmático, os camelôs do catolicismo estão à altura de Judas Iscariotes. De forma pragmaticamente rapineira, comercializam escapulários que traduzem imagens sacras. Acredito que estes crápulas, não estão tão longe da semelhança e do ato de Judas ter vendido Kristo, como objeto supersticioso, por um punhado de moedas que estampam efígies de sectários demagogos.

* “tudo irá a pique, os livros, as críticas dos livros, as críticas das críticas dos livros.” Moravia, Alberto, O Escritor Incômodo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Sobre meu passado psicologicamente... Analisado?

Remexendo em algumas coisas velhas e mofadas, me deparo com desenhos arcaicos, expurgados há mais de vinte anos, e que os concebi em minha pré-adolescência, nas antigas sessões de tratamentos psicológicos aos quais fui submetido. Não cheguei a concluir esta minha 1ª pseudo-HQ.

E pelo visto, também nunca irei concluí-la. Um prato cheio nas sedentas mãos, de psicanalistas masturbadores. Aliás, em relação a *última página executada, tudo indica que, nos cinco meses de produção desta “inocente” estória, o circo pegou fogo e todos foram salvos desta sociedade carniceira. Como nos forjados veredictos sem nexo de inquisições amaldiçoadas. Um trágico fim, mas próximo dos andantes sapiens. Chegando a ser, até um pouco visionário, para um estágio precocemente infantil e ainda cândito. Onde, dentre as figuras cômicas que encontro, cito a espécie humana. Um gênero de primata descartável. Tolo e circense.

*ver ilustração 19 deste enredo postada a serguir.
Nestes pouco mais de trinta anos que venho galgando na superfície da Terra, vi e senti de perto uma pequena amostra grátis do cheiro da fome e da miséria humana. Presenciei a um “grande” circo pegar fogo em Belo Horizonte (07/04/1997) e também, através de nossos falhos meios de comunicação, assisti em tempo real, a queima de corpos vivos,


enclausurados num equipamento de transporte que se tornou um crematório coletivo das novas civilizações carioca. Uma tumba urbana. Barbárie. Espetáculo bizarro. Pode até ser. Como um singular lapuz, promulgo nestas linhas invisíveis: “Esta contemporânea esfera flutuante de pigmento azul, na qual habito, voltou a ser primitiva. Provando que a humanidade nunca traiu os instintos de seus saudosos antepassados.”

Já que toquei no assunto dos desenhos, exponho: minha existência patológica foi analisada a fio por nove e longínquos anos (1980/89) de tratamentos psicológicos, no sombrio consultório D’aquela que me diagnosticou com sua implacável metralhadora de perguntas irritantes que definhavam meu intelecto. A psicóloga-musa Doutora Alair atingia-me com rajadas profundas/fumegantes pelo menos, quatro vezes por mês. Cento e sessenta e oito horas. Tempo suficiente que precisava para me recompor das feridas abertas, até a próxima lenta, execução, sumária, semanal.

Certa vez em uma das sessões, indagou-me: o quê você mais gosta de fazer?
Murmurei: rabiscos para exteriorizar meu ínfimo Ser.
Ela retrucou: então, aceite esta matéria fibrosa de origem vegetal e segure firme este bastonete contendo um recheado cartucho de tinta negra.

Naquele precioso episódio, senti-me Rei. Para ser mais preciso, Rei de Copas. O Deserto em branco (a folha-espaço) cedido era meu macroscópico reino de possibilidades, apesar de delimitado. Quase uma década de reinado consecutivo para me haurir em províncias onde não delego nada. Exatamente, Nada. Soberano fui, comigo mesmo a cada zig-zag traçado por minhas hábeis mãos. Sob o olhar atento, a Dra. que psicografava mensagens assinaladas, ditas pelas entidades que se rebelavam perante nós. Formávamos uma profícua dupla. Sem que ela percebesse, percebi sua Real analogia com meu destacado caso em relação a seus outros inferiores pacientes. Ao saginar arquivos pessoais em mosaicos indecifráveis, nossa relação matrimonial seria amputada antes da Cópula Real. Senti por um instante que me haviam emboscado num matadouro de fantásticas personalidades. Precisava agir rápido antes que... Ela d’clamou: seu tempo acabou. E de fato hei de concordar. Nosso tempo acabou. Xeque-mate. Nossa transmissão não foi completada. Perdemos contato. Câmbio... Desligo.

Tempos depois me veio à pergunta: será que minha psicóloga se casou? Ela me parecia ter melindrados problemas afetivos/amorosos. Graves. Gravíssimos. Enquanto – sozinho em meu Divã – não encontro nenhuma resposta para os males aqui diagnosticados. Continuo envolto neste argumento aparentemente válido, mas, na real, não conclusivo e que supõe má-fé por parte de quem o apresenta. Chego a uma conclusão inadmissível como resultado da fórmula farmacêutica sem contra-indicação usada somente para ativar eficazes resultados de natureza psicológica. Em resumo, bebo na fonte de “Sofismos Placebos” para continuar exteriorizando Meus malogrados Renascimentos.

Hoje apenas lamento por nossas desconfortantes consultas terem sido suspensas num momento tão próximo do ápice, por motivos que finjo desconhecer, mas os revelo silenciosamente.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

TÍTULO ATEU ogsib niala

Comi carne de lesma e tomei esperma de barata neste calor
Li um livro de 0.000 páginas que não continha se quer
uma única palavra sã em suas linhas trans-parentes
Enfiei dois dedos no cu para sentir tesão
Cultivo um furúnculo aceso debaixo do braço da mesa
Em minhas rugas oculto carteiras recheadas de dólares, Todas elas surrupiadas em Bangladeste
Recuso-me em aparar a rudimentar unha que brota em minha testa

De pés descalço visto um chapéu
Orelhas que coleciono depositadas numa colcha bancária
Meus dentes sem pavimentação repousam numa florida gengiva carregada com mau hálito
Um ouvido que não funciona direito, ou esquerdo
Pilhas que também não funcionam e servem apenas para poluir Coisas que não sei, também poluem
Calmaria para menos sofrimento
Profissão não definida
Vagabundoleproso, mocidade arrependida
Ladrilho que-brado, sabonete ressecado, Saliva contaminada
Uma língua apedrejada
Moro de favor, mas não sou eu quem paga o aluguel
Minha grana é uma merreca e não cabe no meu bolso
Tento me calar, mas ainda preciso de tempo, horas se possível
Hoje possuo uma filha 2609, e não sei seu nome.

Para 1 amigo.

Só para incomodar, hoje afirmo que sou Tudo! eu disse: TUDO

Em meu mundo fictício posso ser Tudo. Então, como um autista consciente da acusada patologia clínica que assumo, tomo Total liberdade em me fantasiar, ou melhor declarar-me como: um fabuloso cartunista de imagens invisíveis e um grandioso escritor contemporâneo de palavras incolores. BÁÁH!! Que lixo!

Tudo isso, apenas para infernizar os que se incomodam tanto com o ego alheio e que na real, além de não produzirem merda que presta, não conseguem se aceitarem de maneira sadia, sem se deixarem ser possuídos e dominados pelo EU lírico. Afetados num redemoinho de aparências sob a Bolha que insiste incansavelmente em apenas excluir micróbios como EU. Organismos unicelulares do falso contexto que nos envolve. Vetando com isso, uma criação original e a produção em série de autênticos polivalentes. Nesta cidade-curral megalomaníaca repleta de dejetos humanos a-culturados e enraizados, oferecidos avulsos em delicatessem por prostitutas apetitosas de seios fartos e vistosos, alimentar-me-ei de mim mesmo. Será mais interessante à autofagia, apesar de indigesto(a). Hoje me acomodo numa confortável arquibancada a margem dos que se assumem como deuses da nova arte, para delirar de tanto rir destes espetáculos gratuítos da auto-flagelação egocêntrica. Palmas para nossos aspirantes artistas: poetas-onanistas, músicos desenfreados, escritores da auto-promoção, alóctones ilustradores nipônicos e conspira-dores deste psíquico circo ridículo. Aplausos, aplausos (...) BRAVO!!
*Ilustração: releitura sob o traço de Wallace Wood