quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

trecho da edição pretendida para este século ainda.

(...) Após levantar-me lentamente, e já empunhando uma horrível xícara de café-ralo, observo meu repetido espectro num espelho mofado que nunca muda de canal. Assisto a um decadente double fantasmagórico que não sabe se vestir, e que mesmo assim, prefere continuar com o mesmo figurino fora de linha...

Há anos.

Amanheço no consentimento da alcunha em sinônimo de podridão, batizada por um velho amigo albino com seus mais de 80 kg de massa corpórea e despigmentada. Minha antiga dúvida vem me visitar novamente.

Não sei em que esquina fodida se perderam ou se deixaram perder a lenda dos laços nominais da linhagem francesa dos meus famigerados ancestrais. Não quero me preocupar com isso hoje. Afinal de contas, aos meus familiares lhe foram legados sobrenomes espanhóis e ainda SIM, modificados. Prossigo. Falando em números e desvalidos objetos, acordei e percebi mais uma vez que, minha coluna vertebral, que crescera com má formação óssea junto a um desvio lombar ocasionado pelas excessivas atividades exercidas em um ex-emprego, me trouxe novas dores nesta fabulosa manhã de 5ª-feira. Estou com pouco mais de 33 anos e algumas pendências. Idade enigmática e fantasiada nos relatos extorquidos dos embaraçados boatos bíblicos, embaçados na extirpação e aniquilação de Kristo. Graças a deus. Embora deixasse de acreditar na existência desta simbólica figura há tempos, Kristo foi uma tragédia. Dizem que somos semelhantes a ele. Nisto tenho que concordar plenamente. Pertencemos a uma divina carcomédia totalmente elabora pela demente mente humana. Falta de sorte para aqueles que crêem nesta sombria estória.
(...) Cada vez mais e mais as pessoas buscam desesperadamente a gelatinosa confirmação “sólida” de serem lembradas virtualmente.
Através de seus modernos celulares com microfilmagens, fotos postadas e acompanhadas por mensagens contendo econômicos caracteres, e-mails, blogs, photoblogs, páginas da internet e o mais recente e expositivo meio de comunicação de achados e perdidos; The Orkut.
E aqui me encontro (contra-ditório) como tantos; vendedores de imagens do NADA. Como algo não tátil e não tão interessante. Num formato depositado como fezes em mais um BLOG qualquer e creditado a um anelídeo hermafrodita. Do que se alimenta, expele. Apenas mais um cosmopolita oriundo de Oxum em Ogum.

Esta emersão sob o anonimato é buscada de formas artificiais e sem sentido.

Por que queremos ser lembrados se não fazemos nada sagaz para tal?

Apenas pelo disfarçado poder de apertarmos uma tecla e termos ao alcance planos inimagináveis, ou pelo fato do egocentrismo nunca ter saído de moda?
Não penso desta maneira. Com o crescimento desordenado de povos, diversificadas etnias de indivíduos cujos caracteres somáticos, tais como a cor da pele, a conformação do crânio e do rosto, o tipo de cabelo, embora semelhanças e modo de transmissão por hereditariedade, variem de indivíduo para indivíduo, cada uma destas grandes subdivisões da espécie humana, e que supostamente constitui uma unidade relativamente separada e distinta, com características biológicas e organização genética próprias da raça, não são suficientes para a própria aceitação.

Necessitamos da posição do outro, do olhar crítico (cínico) do outro, nesta nova era de poligamia internauta.
O primeiro contato – visual/corporal – está em completa extinção. Em desuso.
Agora nos “conhecemos” de maneira moderna em salas de bate-papo virtual, acomodados isoladamente em nossos lares ou novamente e sempre anônimos em lan-houses.
Toda essa gama de informações (algumas forjadas, outras duvidosas, umas nem tanto), e algo mais (sobressalente), são oferecidas "gratuitamente" num fast-food googleano.

Que miséria. Sobrevivi à transposição de um novo século para ser testemunho cego deste tecnológico apocalipse contemporâneo. O que mais virá pela frente? Ou por trás? Não sei, pois ainda não comprei o último Best Seller sobre: “Como Ser Um Visionário de futuro e Alcançar Planos da Et Cetera e Tal, e das Demais Coisas Alheias...”.
Isso tudo fede e me parece ser um saco. Porventura, quando me metamorfoseei em andarilho leproso, os parasitas invertebrados que já habitaram meu ser repugnante, ocupando um pequeno espaço entre meus pelos pubianos ou não, em minha sebosa pele oleosa, não me cegaram tanto, quanto; em pitorescas andanças subterrâneas, espiei vesgo, através das chagas, esses medíocres e energúmenos se moverem na sacola escrotal da nossa querida e vislumbre sociedade fecal.
*Ensaio aberto do livreko "Insalubridades Nunianas 2"

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